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Por que o intestino é considerado nosso segundo cérebro?

Não é de hoje que se percebe a relação entre cérebro e intestino. Nossos avós já entendiam que o sistema nervoso pode interferir no sistema digestivo. Quem nunca sentiu dores estomacais após muito estresse ou nervosismo? Sintomas como diarreia, vômito, náusea, prisão de ventre, todos estes podem estar associados a episódios de grande impacto emocional.

 

Mas existe algo que a ciência descobriu mais recentemente: temos um segundo cérebro. Sim, é verdade. Existem milhões de neurônios e células que se estendem pelo tecido que reveste todo o sistema digestivo, do esôfago ao reto, e formam o Sistema Nervoso Entérico (SNE).

 

Portanto, não é exagero afirmar que o intestino é nosso segundo cérebro. E mais do que isso, o segundo cérebro também afeta o primeiro. Ou seja, as condições do intestino estão relacionadas ao bem-estar do cérebro, influindo diretamente na saúde da mente.

 

Quer saber mais sobre isso? Continue lendo este artigo!

 

O que sabemos sobre o Sistema Nervoso Entérico (SNE)?

 

O sistema nervoso entérico é formado por células nervosas, 500 milhões de neurônios e mais de 30 neurotransmissores, criando uma extensa e espetacular rede de neurônios que integram o sistema digestivo, especialmente o intestino. Não é coincidência que toda esta complexidade seja semelhante à do cérebro, pois o SNE interage constantemente com o sistema nervoso. Sim, os neurônios do intestino se comunicam com os neurônios do cérebro.

 

Essa comunicação ocorre através de um nervo craniano chamado nervo vago. De modo geral, os nervos cranianos ajudam a ligar o cérebro a outras áreas do corpo, como cabeça, pescoço e tronco. Alguns enviam informações sensoriais ao cérebro, incluindo detalhes sobre cheiros, imagens, sabores e sons. O nervo vago é responsável por diversas funções, entre elas, a de formar uma ligação entre o intestino e o cérebro.

 

Intestino: por que o segundo cérebro é tão importante?

 

A cada nova pesquisa, cientistas de todo o mundo confirmam o papel fundamental do sistema nervoso entérico na saúde e qualidade de vida das pessoas, assim como os problemas que podem ocorrer quando ele apresenta mau funcionamento.

 

Estão surgindo links entre o intestino e uma série de distúrbios que vão desde obesidade e depressão clínica, artrite reumatoide e até mesmo doença de Parkinson. Tais descobertas também possibilitam novas abordagens para o tratamento dessas condições.

 

Dopamina e serotonina estão entre os mais de 30 neurotransmissores processados pelo SNE, sendo que 50% e 90% de cada, respectivamente, são liberadas pelo intestino. Isso significa que nosso segundo cérebro impacta fortemente na regulação do sono, humor, apetite e na sensação de prazer e motivação. O desequilíbrio do intestino pode, portanto, tornar-se gatilho para casos de depressão, ansiedade, compulsões e outros transtornos mentais.

 

 

Cuidar da microbiota intestinal é proteger o cérebro

 

Agora que entendemos que o intestino, através do sistema nervoso entérico, se comunica com o cérebro e influi em seu bom funcionamento, a pergunta mais importante a ser feita é: como podemos proteger o nosso segundo cérebro para que tenhamos mente e corpo mais saudável? Cuidando da microbiota intestinal.

 

Quando falamos de microbiota estamos nos referindo à coleção de microrganismos presentes no intestino de uma pessoa. Esses microrganismos incluem bactérias, fungos e archaeas. A microbiota saudável cria ácidos graxos de cadeia curta que diminuem a inflamação, aumentam a função cerebral e ajudam o sistema imunológico. Bactérias no intestino podem ajudar a regular o metabolismo e o humor de uma pessoa, mas isso depende do tipo de bactéria.

 

Em 2011, pesquisadores da Universidade de Cork, na Irlanda, realizaram um estudo para observar os efeitos do Lactobacillus rhamnosus – uma das bactérias que vivem no intestino humano – no organismo de camundongos. Eles perceberam que os camundongos que receberam doses extras do lactobacilo tiveram suas condições físicas e emocionais alteradas, demonstrando disposição elevada e um comportamento mais relaxado.

 

A dieta do segundo cérebro

 

Cada indivíduo possui necessidades específicas e somente um médico ou nutricionista pode indicar a dieta que mais atende a estas necessidades. Contudo, sabemos que existem alimentos capazes de gerar uma microbiota mais diversa e muito benéfica.

 

Uma dieta baseada em vegetais, alimentos fibrosos e legumes pode promover uma diversidade saudável da flora intestinal.  Outro elemento-chave para uma microbiota saudável são os probióticos. Esses micro-organismos, também conhecidos como “bactérias do bem”, ajudam a equilibrar a flora intestinal e prevenir diversas doenças. Lembre-se sempre que o uso de probióticos sempre deve ser acompanhado por um médico.

 

Para uma microbiota saudável, vale também reduzir o consumo de alimentos ultra processados, frituras, carboidratos simples, refrigerantes e outros alimentos que possam ser inflamatórios. A redução no consumo de carne vermelha e laticínios também pode ser benéfica.

 

Lembre-se! Essas informações não substituem, em hipótese alguma, a consulta com o médico.

Confira as referências das informações apresentadas no texto:

https://www.sciencefocus.com/the-human-body/a-gut-feeling-meet-your-second-brain/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4798912/

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/10/07/segundo-cerebro-intestino-tem-influencia-na-saude-mental-veja-por-que.htm

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21876150/

https://super.abril.com.br/saude/seu-segundo-cerebro/

http://www.abc.org.br/2021/08/13/nosso-segundo-cerebro-conversa-com-bacterias/

https://www.healthline.com/human-body-maps/vagus-nerve#anatomy-and-function

https://www.uol.com.br/vivabem/faq/probioticos-equilibram-a-microbiota-intestinal-entenda-os-beneficios.htm

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