Redes sociais e saúde mental: como usar mídias de forma positiva?

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Redes sociais e saúde mental: como usar mídias de forma positiva?

A existência das redes sociais é um fenômeno relativamente recente, tendo seu boom na primeira década dos anos 2000. Nos últimos vinte anos, o expressivo aumento de aplicativos e plataformas digitais trouxe um grande desafio: como utilizar essas novas ferramentas de forma saudável? 

Estudos recentes demonstram que o uso das redes sociais está associado a impactos na saúde mental, estimulando pensamentos e emoções que geram ansiedade, tristeza e percepções desanimadoras sobre a própria imagem. O Instagram foi considerado a rede social mais prejudicial para a autoestima de seus usuários.

Mas o uso das redes sociais é sempre prejudicial? O médico psiquiatra da USP, Dr. Marco Abud, afirma que é possível usar as redes sociais para o bem: “Existe uma parcela das pessoas que nota uma melhora na ansiedade, na depressão e no bem-estar mental com o uso dessas plataformas. Então, o que diferencia quem apresenta ansiedade de quem apresenta melhoras?”.

Estudos sobre a relação entre saúde mental e as redes sociais

Em 2019, a revista médica Canadian Journal of Psychiatry apresentou os resultados de uma pesquisa realizada ao longo de quatro anos com 3.826 voluntários de 12 a 16 anos. Os médicos perceberam que o tempo de exposição desses adolescentes a TV e redes sociais estava diretamente relacionado aos níveis de ansiedade. Se ficassem em frente à tela por mais uma hora, mostravam-se mais ansiosos. 

“Nossos resultados indicam que os sintomas de ansiedade em um determinado ano podem se tornar mais severos quando o uso de mídia social, exposição à televisão e/ou uso de computador aumenta dentro desse mesmo ano. Estas são descobertas interessantes, considerando outra publicação recente relatando associações entre depressão, mídia social e televisão entre adolescentes canadenses, que foram explicadas pela diminuição na autoestima.”

Em 2017, a Royal Society for Public Health, instituição canadense dedicada à melhoria da saúde pública, divulgou um estudo realizado com 1.479 jovens, entre idade de 14 a 24 anos, mostrando que de todas as redes sociais, o Instagram é a que apresenta maior impacto na saúde mental, e sendo descrito como um mídia mais viciante do que os cigarros e álcool.  

A pesquisa também apontou que as taxas de ansiedade e depressão em jovens aumentaram 70% nos últimos 25 anos e o uso das redes sociais está associado a maiores taxas de ansiedade, depressão e sono insuficiente. Os jovens que são grandes usuários das mídias sociais – gastando mais do que duas horas por dia em sites de redes sociais como Facebook, Twitter ou Instagram – são mais propensos a relatar a preocupação de estar perdendo algo importante, conhecida como FoMO.

FoMO, o medo de ficar de fora!

Fear of Missing Out (FoMO) é um conceito novo, usado principalmente por jovens, e tem crescido muito rápido desde a popularização das redes sociais. Trata-se de uma necessidade exacerbada de acompanhar publicações de outras pessoas por medo de estar perdendo notícias, acontecimentos e informações. O medo de perder alguma novidade faz com que a pessoa atualize as redes sociais de forma compulsiva sempre esperando descobrir algo que ainda não sabia. Essa compulsão pode gerar ansiedade, irritabilidade, angústia e estresse.

Então, é possível usar as redes sociais de forma positiva?

A pesquisa da Royal Society for Public Health também apontou dados otimistas:

A mídia social pode melhorar o acesso dos jovens a outras pessoas, experiências de saúde e informação especializada em saúde.

Aqueles que usam redes sociais relatam ser mais emocionalmente apoiados por meio de seus contatos.

Na prática, como podemos aproveitar melhor os benefícios das redes sociais? É possível criar uma espécie de filtro para os conteúdos que trazem impactos nocivos à saúde mental?

O Dr. Marco Abud faz um alerta sobre as comparações com viés de inferioridade. A ideia de que as outras pessoas, que teriam as mesmas condições que as suas, estão mais felizes, mais bonitas, mais magras, mais ricas e bem-sucedidas faz com que você se sinta inferior, menos valioso, menos capaz e isso pode aumentar os casos de tristeza, ansiedade e depressão.

“Existe uma metáfora, que alguns psicólogos inventaram, que fala sobre o uso de uma lente. Sempre que estivermos pensando nessas comparações de inferioridade, como ‘a pessoa consegue, eu não consigo, então sou inferior a ela’, devemos imaginar uma lente, como se estivéssemos com uma câmera e dando um zoom na pessoa. Mas o zoom é apenas em uma parte pequena da vida daquela pessoa, que é exatamente aquilo que ela deseja mostrar. Se reduzir o zoom, é possível ver de forma mais ampla e se perguntar ‘como estão os outros aspectos da vida da pessoa?’ É um caminho para perceber que a vida de ninguém é perfeita”, explica o médico em seu canal no YouTube.

Para a psicóloga Camila Borba, o primeiro passo é reorganizar o uso das redes sociais: “Se perceber que está fazendo mal, reduza o tempo de uso, abstenha-se de alguns conteúdos que lhe fazem mal, até mesmo bloqueando algumas postagens e pessoas, evitando conteúdos que promovem a felicidade excessiva. Pessoas muito rígidas, inflexíveis e extremas, com muitas regras, também podem ser evitadas. Também é importante usar as redes sociais sem esperar tanto por recompensas e sensações agradáveis, mas sim normalizando todas as emoções.”

 

Lembre-se! Essas informações não substituem, em hipótese alguma, a consulta com o médico. Procure um especialista para receber atendimento e obter as orientações relacionadas ao seu caso.
Confira as referências das informações apresentadas no texto:

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Lu Andrade
Lu Andrade
2 anos atrás

Minha vida mudou depois que comecei a filtrar o conteúdo que vejo nas redes sociais… exatamente como disse a psicóloga Camila Borba.

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